Coroa de flores

 A melhor prenda que se pode receber é, sem dúvida, uma coroa de flores. Ah, imaginem-me, a bela dama, de vestido negro de veludo, a receber uma coroa de flores. Que ironia deliciosa! Enquanto todas as outras pessoas suspiram por jóias, perfumes ou aparelhos da última moda, eu suspiro por um ornamento que me transformará numa versão viva e ambulante de um funeral em flor. Amei!!!

Imaginem só a cena: eu, em pleno centro da vila, a atravessar a rua como uma ninfa sombria, a ostentar uma coroa de flores tão fresca que até parece que acabei de ser coroada Miss Catástrofe. Os pedestres olham, os carros param, e as pessoas perguntam: "Oh, que bela coroa de flores! Foi uma prenda?" E eu respondo, com o meu mais encantador sorriso sarcástico: "Sim, uma prenda que simboliza a efemeridade da vida e a certeza da morte. Quer um pouco?"

Porque, afinal, que melhor forma de celebrar um aniversário ou um evento especial do que com um lembrete florido de que tudo acaba? Flores desabrocham, flores murcham. Assim como as nossas esperanças, sonhos e, claro, as contas bancárias depois das compras de Natal. Mas, ao contrário de um perfume que se dissipa ou de uma jóia que pode ser roubada, uma coroa de flores é um presente que deixa uma marca. Literalmente. Basta deixar a coroa na cabeça durante umas boas horas e aquelas flores começarão a deixar a sua essência, e um pouco de pólen, na testa.

E não pensem que sou uma pessoa mórbida. Não! Sou apenas realista, com uma pitada de humor negro. Enquanto todos estão preocupados com os seus aparelhos e tralhas tecnológicas, eu opto pelo simples, pelo natural. E, se as flores começarem a murchar, bem, isso só me dá mais uma desculpa para ir ao florista e escolher uma nova combinação de flores, talvez mais exótica ou, quem sabe, mais venenosa. A vida é feita de escolhas, e eu escolho rir-me da mortalidade enquanto passeio pela vila, qual rainha do apocalipse florido.

Portanto, sim, a melhor prenda é, sem dúvida, uma coroa de flores. Porque nada diz "Amo-te" como um presente que simultaneamente celebra a vida e lembra a sua impermanência. E, se alguém não gostar da ideia, sempre posso sugerir uma visita ao cemitério. Afinal, há sempre boas ideias a florescer por lá. 

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