Praia dos Olhos de água
Hoje decidi levar o meu filho e os colegas da escola à praia de Sesimbra. A minha amiga Ana trouxe também o seu filho, e juntos decidimos transformar esta viagem numa grande aventura. Como o carro da Ana só tem sete lugares, surgiu a ideia de apanharmos o autocarro, uma experiência que prometia ser, no mínimo, memorável, já que os meninos não pagam bilhete.
Partimos de casa ao início da tarde, com as mochilas carregadas de lanches, toalhas e muita expectativa. A primeira prova de fogo foi caminhar até à paragem do autocarro. Parecia uma procissão, com as crianças a correrem em todas as direções, cada uma mais ansiosa que a outra. Quando o autocarro chegou, foi um alívio descobrir que havia lugares suficientes para todos. As crianças, claro, estavam excitadíssimas, como se estivessem a embarcar numa aventura épica. O caminho no autocarro foi tudo menos tranquilo. Os meninos disputavam as melhores vistas pela janela, faziam perguntas incessantes sobre quanto tempo faltava e, para grande espanto dos outros passageiros, cantavam canções desafinadas a plenos pulmões, o meu mandava calar muito zangado. Por momentos, pensei que o motorista poderia mandar-nos descer, mas ele, com uma paciência invejável, apenas sorria através do espelho retrovisor. Ao chegar a Sesimbra, as crianças desceram do autocarro numa explosão de alegria e correram em direção à praia. O cenário era deslumbrante: a água azul-turquesa contrastava com as falésias douradas e a vegetação verdejante. Encontrámos um lugar perfeito para estender as toalhas e montar a "base". Mal tivemos tempo de nos instalar, os meninos já estavam na água, a nadar, a rir e a explorar as poças deixadas pela maré. Passámos a maior parte da tarde na água, entre mergulhos e guerras de água. As crianças divertiam-se tanto que o tempo pareceu voar. Uma das brincadeiras mais populares foi a de ver quem conseguia fazer o maior mergulho, com direito a notas de júri improvisado composto por mim e pela Ana. As guerras de água tornaram-se rapidamente num evento épico, com salpicos e gargalhadas a preencherem o ar.
Quando o relógio marcou seis horas, decidimos que era tempo de arrumar e começar a preparar o regresso. As crianças, embora relutantes em deixar a praia, estavam visivelmente cansadas mas radiantes de alegria. Recolhemos os brinquedos e encaminhámo-nos para a paragem do autocarro. O caminho de volta foi mais silencioso; o cansaço finalmente dominava os nossos jovens aventureiros, que adormeceram nos bancos, exaustos mas felizes. Olhei para a Ana e sorrimos, cúmplices no cansaço e na alegria de termos proporcionado uma tarde inesquecível às nossas crianças.
Chegámos a casa com a certeza de que valeu a pena. As aventuras, os risos e os momentos partilhados criaram memórias que perdurarão. Foi uma tarde que não só trouxe os nossos filhos mais próximos da natureza e uns dos outros, mas também reforçou os laços de amizade entre nós, mães. E assim, exausta mas satisfeita, já planeio a nossa próxima grande aventura. Em breve vamos para a praia da princesa, nas com menos crianças, pois iremos de carro.