As Santinhas do Story: Evangelho Segundo o Like
Hoje, falar com alguém ao telemóvel pode ser um acto de arqueologia emocional. A minha prima, do outro lado da linha, mandou uma daquelas frases que se alojam no peito como uma farpa. E eu, com a mente em ebulição — uma espécie de Chernobyl criativa —, escrevi este texto. Não por vaidade. Por higiene mental. Porque o mundo está doente. Espiritualmente intoxicado. E alguém tem de dizer a verdade, mesmo que doa. Vivemos tempos onde toda a gente quer ser alguém — mas não alguém comum, não. Alguém que se destaca. E como já ninguém quer trabalhar com o suor da testa (cuidado com o botox), então opta-se por caminhos mais... etéreos. Já não se busca santidade pela renúncia, mas pela ostentação. Já não se jejua, limpa-se o karma. Já não se sofre em silêncio, agora faz-se reels a chorar. E se não for possível ser canonizada, ao menos que se seja uma pastora, uma bruxa, uma guia espiritual com ascendente em peixe e tenda montada no Instagram. O sofrimento virou uma estética. O misticismo, u...