Vencendo a Insegurança com a Verdade

Houve tempos em que duvidei de mim com tanta veemência que até a minha respiração parecia ocupada demais a justificar a minha presença no mundo.

A insegurança era um lugar secreto onde me escondia, não por conforto, mas por hábito.
Tornara-se uma segunda pele. Uma coleira invisível.
Eu acreditava menos em mim do que nas críticas que recebia.
A fé que tinha nos outros era mais sólida do que aquela que guardava para mim.
E, por muito tempo, confundi humildade com apagamento.

A verdade, porém, tem um som próprio. E quando a ouvimos — mesmo que sussurrada — ela rasga véus e rompe cadeias.


A insegurança não é pecado.

Mas permanecer nela, quando Deus já nos revelou a Verdade, é negar quem Ele é.

A insegurança nasce, muitas vezes, de feridas antigas, de comparações cruéis, de palavras que não deveríamos ter ouvido e de silêncios que não deveríamos ter suportado.
Ela instala-se no fundo da alma como se fosse hóspede legítima.
E, se não estivermos vigilantes, começa a definir a forma como nos vemos e como julgamos que Deus nos vê.

Mas Deus não se aproxima de nós com o dedo em riste,
aproxima-se com a Palavra.
E a Palavra é verdade.
E a verdade liberta.


"Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará." (João 8, 32)

O combate à insegurança começa por aceitar este facto simples e revolucionário:
Deus diz a verdade. Sempre.
E se Ele me chamou de filha, é mentira tudo o que me faz sentir menos do que isso.

A Palavra diz que fui criada à Sua imagem — não para me encolher, mas para me erguer.
Diz que fui redimida — não para viver com medo, mas com confiança.
Diz que sou templo do Espírito Santo — e isso não é frase de catequese: é uma realidade espiritual.


A insegurança não se vence com orgulho.

Vence-se com Verdade. E com Graça.

Não preciso de gritar, de me impor ou de me afirmar com gestos que não são meus.
Preciso de caminhar em verdade.
Preciso de viver como quem acredita no que o Céu diz ao meu respeito.

É nesse ponto que a fé se torna também cura da identidade.
A fé não apenas me conecta com Deus —
ela reconcilia-me comigo mesma à luz do que Ele diz.


Ser mulher católica, hoje, é não fingir que somos imunes ao medo, mas também não aceitar o medo como senhor.

Sim, ainda tremo.
Sim, ainda hesito, e às vezes demoro a acreditar que há dons em mim que Deus quis colocar.
Mas sei, com a profundidade de quem já chorou no chão,
que o Senhor não se arrepende das promessas que faz — e eu sou uma delas.


Não posso amar o próximo se continuo a detestar a mulher que vejo ao espelho.

Não posso servir a Deus se desprezo o vaso que Ele escolheu para habitar.

Por isso, hoje, recomeço.
Não com voz altiva.
Mas com pés firmes, com olhos voltados para o Alto, e coração aberto à Verdade.

Não sou um erro a ser corrigido.
Sou uma filha a ser curada.


E para ti, mulher que lutas com a insegurança:

Deus não te chamou para seres sombra.
Chamou-te para seres luz.

Não luz que cega — mas luz que aquece.
Não luz artificial — mas reflexo d’Aquele que é a própria Luz do mundo.
És amada. És chamada. És escolhida.
E o que Deus diz a teu respeito não depende da tua opinião sobre ti mesma.


O combate espiritual da identidade é real —

e começa dentro. Com a Verdade.

A verdade é esta:

Deus conhece todas as tuas fragilidades — e não te desistiu.
Ele viu o teu coração antes das tuas inseguranças tomarem conta.
Ele sonhou contigo com alegria.
E Ele quer que acredites nisso mais do que acreditas no medo.


"Senhor, ensina-me a ver-me como Tu me vês.

A reconhecer a Tua verdade em mim,
e a calar toda mentira que diz que não sou suficiente."


Vencer a insegurança não é deixar de sentir medo.
É confiar que, mesmo tremendo, posso caminhar —
porque sei quem vai comigo.
E sei quem me amou primeiro.

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