O papel da mulher no ministério: entre o silêncio, o serviço e a sabedoria

Sou mulher.

Sou filha de Deus.
Sou discípula de Cristo.
E digo-o com a alma inteira: não preciso de usurpar púlpitos para que a minha voz ecoe nos céus.
Porque a minha missão não depende do lugar onde estou, mas da verdade que carrego dentro.

O mundo agita-se com slogans que prometem “empoderamento”.
Mas o Evangelho não é palco de disputas de poder.
É altar de entrega.

E eu não fui chamada para competir.
Fui criada para cooperar.
Não sou menos por não ser pastora.
Não sou invisível por não estar no ambão.

Sou presença viva no Corpo de Cristo, e isso basta-me.


Fomos forjadas para ser fortes — mas não para liderar à nossa maneira

Há quem se escandalize quando dizemos, com humildade e verdade, que não há mulheres apóstolas entre os Doze. Que Cristo escolheu homens, e que Deus, na sua soberania, assim o quis.

Mas há escândalos maiores: como o orgulho disfarçado de “vocação”, ou a vaidade encoberta de “ministério”.

Não estou aqui para dizer o que agrada. Estou aqui para dizer o que liberta.

Na Bíblia, a mulher é dignificada. É elevada. É reconhecida como pilar da casa, da fé, da história.
Mas não lhe cabe tudo — e isso não é opressão, é sabedoria divina.

Maria, a Mãe de Deus, nunca procurou microfone nem posição.
Foi cheia de graça, não de ambição.

Débora julgava Israel, mas foi Lápide que lutou.
Priscila ensinava, mas ao lado do seu marido.

Não há uma única mulher ordenada por Cristo, mas há mulheres que mudaram tudo — porque estavam no sítio certo, com o coração inteiro.


A mulher no ministério: não à frente, mas no centro da missão

Sim, sou parte do ministério.
Não para comandar, mas para transformar.
Não para dominar, mas para edificar.
Não para brilhar, mas para iluminar discretamente.

Onde há uma mulher de oração, há ministério.
Onde há uma mãe que ensina o Credo, há missão.
Onde há uma esposa que perdoa, uma solteira que espera com dignidade, uma viúva que louva na dor — aí está o rosto de Deus.

Na liturgia, talvez não estejamos à frente do altar.
Mas nos bastidores do Céu, movemos batalhas espirituais com joelhos no chão e alma elevada.


O serviço silencioso que grita eternidade

Sou mulher.
Não sou menos.
Sou diferente — e isso é dom, não obstáculo.

Na Igreja, servimos com véu ou sem véu, com filhos ou sem filhos, em lágrimas ou em festa.
Mas sempre com verdade.

Não grito na oração.
Não me exibo nos dons.
Não fabrico milagres nem prometo bênçãos como quem vende soluções.
Sirvo. Amo. Persevero. Escuto. Guio pelo exemplo.

Jesus não precisa de mulheres a representá-Lo no altar — mas precisa desesperadamente de mulheres que O representem no mundo.


Entre os dons e os limites: a beleza da obediência

Recebi do Espírito Santo dons preciosos — e reconheço-os com gratidão e reverência:
– Sabedoria para discernir o tempo e a palavra certa
– Entendimento para ler as Escrituras com profundidade
– Conselho para acompanhar quem sofre
– Fortaleza para permanecer firme quando me marginalizam
– Ciência para dialogar com o mundo sem perder a fé
– Piedade para amar a Igreja mesmo quando me decepciona
– Temor de Deus para não cair na vaidade de querer ser aquilo que Deus não me chamou a ser

Não me rebelo contra os limites.
Acolho-os como fronteiras sagradas que protegem o mistério.

Porque sei: nem tudo o que o mundo diz ser conquista é, de facto, vitória.
E há batalhas que vencemos de joelhos, não com megafone.


Sou mulher. E isso basta-me para ser toda de Deus.

A Igreja não me diminui — ao contrário, exalta-me quando me deixa ser quem sou: mulher inteira, sensível, inteligente, teóloga da vida, mística no quotidiano.

As mulheres que mudaram o mundo não estavam no centro das decisões humanas — mas sim no centro da vontade de Deus.

Não quero ser a voz mais alta — quero ser a mais fiel.
Não quero ocupar o trono — quero lavar os pés.
Não quero ser notada — quero ser presença transformadora.

O altar pode não ser meu.
Mas o Céu é.

Mensagens populares deste blogue

Ousadia Incompreendida

Uma Professora Excepcional, Ser Humano Incrível, Esposa, Mãe e Amiga

O Corpo Não Mente