A mulher emocionalmente saudável e espiritualmente firme
(Na voz de uma mulher católica, madura, inteira e verdadeira)
Não cheguei aqui por acaso, nem sem feridas.
Sou mulher. Sou corpo, alma e espírito — integrada, em construção, reconciliada com a verdade de ser sensível sem ser frágil, firme sem ser endurecida, humana sem me perder em justificações.
Demorei a perceber que uma fé sólida não me tornava invulnerável.
Pelo contrário: tornava-me mais exposta à dor e mais chamada à compaixão.
Mas foi precisamente na vulnerabilidade sã que Deus me fez forte. Não à força de gritos, nem de máscaras, mas à força da humildade de O deixar reconstruir-me por dentro.
Ser emocionalmente saudável e espiritualmente firme é um caminho. Um processo. Uma graça.
Não sou perfeita, mas sou inteira
Não busco ser a mulher perfeita — isso seria um delírio social e um engano espiritual.
Mas luto todos os dias para ser inteira:
Para alinhar o que sinto com o que acredito.
Para que as feridas não façam de mim uma vítima permanente, nem o orgulho me vista de uma falsa fortaleza.
Não nego as minhas dores. Assumo-as. Não como bandeiras, mas como feridas redimidas.
Cicatrizes que viraram testemunhos.
Erros que viraram sabedoria.
Limites que me aproximaram de Deus.
Educar o coração: inteligência emocional à luz da fé
Aprendi que não posso confiar em todos os meus sentimentos — nem ignorá-los.
Eles são bússolas, mas não deuses. São indicadores, não imperadores.
E por isso, oro com os meus sentimentos. Coloco-os aos pés do altar.
Choro com Deus, não contra Ele.
Deixo que Ele purifique o que sinto, para que a emoção não seja tirana, mas aliada da verdade.
Ser emocionalmente saudável é ter liberdade interior:
É saber dizer “não” sem culpa.
É saber acolher um “não” sem colapsar.
É dar amor sem negociar identidade.
É saber estar só, sem me sentir abandonada.
É não fazer da atenção dos outros o alimento da minha dignidade.
A espiritualidade que não é teatral, mas encarnada
Há quem confunda fé com performance.
Com gritos. Com dramatizações.
Mas Deus vê o coração. E ama o silêncio orante mais do que o barulho vazio.
A mulher espiritualmente firme é aquela que respeita o Sagrado.
Não transforma a oração em espectáculo, nem faz da fé um palco.
Ela entra na casa de Deus com reverência.
Ora com verdade, não com teatralidade.
Ela sabe que o Espírito Santo habita nela — não para a exibir, mas para a transformar.
Relacionamentos saudáveis começam no auto-reconhecimento
Fui rejeitada. Difamada. Apagaram a minha luz. Julgaram-me por mentiras.
Mas sobrevivi. Reergui-me.
Hoje, sou seletiva — sim. E isso não é dureza, é sabedoria.
Demoro mais a confiar, mas não fechei o coração.
Porque sei que, mesmo em ambientes tóxicos, Deus permanece em mim.
E sei distinguir:
Um casamento abençoado por Deus não é perfeito, mas é lugar de crescimento mútuo.
Uma amizade verdadeira corrige sem humilhar, acolhe sem manipular.
E uma comunidade que me obriga a seguir, sem discernir, que me manipula sob o nome de “Deus” — essa não é santa.
A minha fé não é cega. É lúcida.
Discerno. Rezo. Obedeço a Deus — não a estruturas desvirtuadas.
Sou mulher de oração, não de ostentação
Não preciso levantar a voz para que Deus me ouça.
Não preciso dramatizar para sentir que Ele está comigo.
O meu altar é diário.
O meu templo é o meu corpo.
A minha fé é incarnada: passa pelo trabalho, pela casa, pelas decisões, pelas palavras que não digo e pelos gestos que não mostro.
Deus não habita no ruído. Ele habita na verdade.
A mulher de fé, no mundo real
Sou casada desde jovem. E, nessa vida partilhada, descobri que a maturidade espiritual é aceitar a liberdade do outro.
Não obrigo o meu filho a ir à igreja. Mostro-lhe, pelo exemplo, que vale a pena ir.
Não finjo amar quem não amo — mas respeito.
Não mendigo lugar na vida de ninguém.
Sou inteira. E é nessa inteireza que permaneço firme, aberta ao amor e ao Espírito Santo.
Conclusão: firme, mas não dura; sensível, mas não quebrada
Ser emocionalmente saudável e espiritualmente firme é viver em profundidade.
É deixar que o Espírito Santo me dê os Seus sete dons — sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus — e me conduza, dia após dia, ao centro da minha vocação:
Ser imagem viva de Cristo no mundo.
Testemunhar, não com promessas fáceis, mas com atitudes concretas.
Redefinir sucesso com os olhos da fé.
Aceitar limites sem perder a esperança.
Perseverar quando tudo diz o contrário.
Sou mulher.
Sou católica.
Sou inteira.
E em Deus, reencontro-me, refaço-me e permaneço.