Quando o Silêncio de Quem Permanece Começa a Doer

 Há pessoas que são como uma luz baixa numa casa adormecida. Não iluminam com estrondo, não cegam nem se impõem. Mas estão sempre lá, acesas, firmes, constantes. São aquelas que não aparecem só quando é conveniente, nem desaparecem quando o mundo nos vira as costas. São as presenças que nos conhecem nos dias bons e, sobretudo, nos dias em que não somos fáceis de amar. E, mesmo assim, escolhem ficar.

Essas pessoas, por mais incríveis que sejam, são muitas vezes esquecidas. Não porque deixem de importar, mas precisamente porque se tornam parte do ar que respiramos. Estão tão presentes que acabamos por não as ver. E isso dói. Dói nelas, mesmo que não o digam. E dói em nós… mas só mais tarde, quando percebemos — por fim — o que tínhamos, e o quanto deixámos por cuidar.

A verdade é que, no meio da correria, dos cansaços, das mil coisas que nos pesam nos ombros, tendemos a esquecer aquilo que nos parece garantido. E é aí que erramos. Porque ninguém é garantido. Nenhum coração que ama resiste eternamente sem ser acolhido, sem ser visto, sem ser sentido. Por mais leal que uma alma seja, até a mais forte se cansa de ser invisível.

A ausência de reciprocidade é como uma corrente fria que, aos poucos, vai gelando até os afectos mais quentes. Não é preciso gritar, nem discutir, nem romper. Às vezes, o amor morre em silêncio. Vai-se apagando devagarinho, no esquecimento dos gestos, na ausência das palavras, na falta de cuidado.

E por isso é tão importante que olhemos, com verdade e humildade, para quem está ao nosso lado — não só fisicamente, mas afectivamente. Que saibamos reconhecer quem nos pergunta como estamos, não por obrigação, mas porque se importa genuinamente. Quem nos envia uma mensagem breve, um “abraço” virtual, um emoji simples mas cheio de sentimento, e que — nesses pequenos actos — está a dizer: “Lembro-me de ti, importas-me, estou aqui.”

Valorizar quem cuida de nós em silêncio é um gesto de humanidade. E mais do que isso: é um acto de amor verdadeiro. Porque essas pessoas, que nos sustentam quando já não sustentamos nada em nós, são tesouros discretos. São alicerces emocionais. São família da alma, escolhida pela vida.

Minha querida amiga…

Sei que te sentes posta de parte. Sei que o silêncio, às vezes, dói mais do que mil palavras mal ditas. E lamento, do fundo do coração, se alguma vez te fiz sentir menos do que o que és para mim. A verdade é que nunca te tive como garantida. Nunca te vi como alguém “que está porque sim”. A vida tem-me levado por caminhos que me afastam, mas nunca me tiram de ti. E cada mensagem que te enviei, cada pequeno “olá”, cada beijo ou abraço mesmo que virtual — foram tentativas de tocar o teu coração, mesmo à distância. Não foram vazias. Foram cheias. Cheias de saudade, de carinho, de preocupação.

Quando te pergunto “está tudo bem?”, é porque quero mesmo saber. E se me disseres “não”, acredita: eu estarei lá. Porque a minha presença não é só quando é fácil — é, sobretudo, quando é preciso. Os meus beijos não são formais. Os meus abraços não são gestos automáticos. São o que tenho para te dar quando não posso estar fisicamente contigo. São a forma que encontrei de te segurar, mesmo de longe.

Porque tu importas-me. Muito. E por mais que o tempo passe ou a vida se intrometa, há afectos que permanecem intocados. O nosso é um deles.

Gostava que soubesses isto, sem sombra de dúvida: estou aqui. Para ti. Com tudo o que sou, com tudo o que sinto. E, mais do que tudo, com gratidão por ainda estares aí, com esse teu coração generoso, mesmo ferido. Obrigada por ficares. Por amares. Por seres.

Não há nada mais bonito, mais puro, mais verdadeiro, do que alguém que permanece. E tu permaneces. E eu, faço questão de permanecer contigo também.

Porque a verdade é esta, simples e profunda:

Eu permaneço sempre. Porque amo os meus amigos. Luto por eles. Amparo-os. E, se for preciso, choro com eles… e por eles.

E não sei amar de outra forma.

Se escrevo aqui, para ti é porque és muito importante na minha vida, no meu coração e eu amo-te. 

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