O sorriso verdadeiro.

 Ela tem uma presença que se impõe sem esforço, não pela altura ou pela voz, mas pela forma como se expressa, como se conecta com quem está ao seu redor. De estatura mediana, cabelos castanhos que caem suavemente pelos ombros, seu rosto é daqueles que dizem mais do que as palavras. Sua fisionomia é expressiva, e quem a conhece sabe que há uma diferença subtil, mas marcante, entre seus sorrisos.

Há os sorrisos que oferece por simpatia, gentis, educados, mas que não chegam aos olhos. E há os outros, os raros, aqueles que vêm de dentro, que fazem seus olhos brilharem e formam pequenas covas nas bochechas. Esses são os verdadeiros, os que transbordam felicidade genuína. Mas hoje, esse sorriso não apareceu.

Ela está triste. Não daquela tristeza passageira, que se dissipa com um comentário leve ou uma piada. É algo mais profundo, um desânimo por não conseguir realizar o que idealizou, talvez problemas na sua vida privada. Para alguém como ela, que sonha e se entrega, sentir-se limitada, impedida de transformar planos em realidade, pesa como um fardo invisível.

Eu vi. Eu escutei. E tentei, da minha forma, amenizar um pouco esse peso. Brinquei, puxei conversa, fiz o possível para que o riso verdadeiro aparecesse. Mas não veio. O que apareceu foi aquele sorriso cortês, um gesto de educação, mas sem luz.

Isso me doeu, porque, penso que conheço sua essência. Sei do seu esforço, da dedicação que coloca em tudo o que faz. Sei que a criticam, que falam sem conhecer, que apontam falhas sem enxergar seu coração, acho que tem um grande coração, espero não estar enganada. E muitas vezes, tenho vontade de responder, de rebater cada palavra injusta. Mas calo-me, é errado eu sei. Porque sei que não adiantaria. Ela se magoaria mais, e eu prefiro protegê-la no silêncio, na presença, no respeito.

Se pudesse, tiraria todos os seus problemas e dores, afastaria tudo o que pesa sobre seus ombros, a pessoa que vejo merece tranquilidade. Mas como não posso, faço o que está ao meu alcance: fico ao lado, escuto, apoio. E espero. Porque sei que, quando a leveza voltar, quando a esperança reacender, seus olhos voltarão a brilhar. E então, aquele sorriso verdadeiro, o que ilumina tudo ao redor, voltará a aparecer. Isto é como podemos ser humanos e criar laços de amizade, observar, respeitar e escutar . Acompanhar sem exigir nada e estar presente quando necessário. 

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