O Olhar Que Me Recorda
Há olhares que nos atravessam a alma, que nos prendem a memórias e sentimentos que julgávamos guardados no tempo. Olhares que não pertencem apenas ao presente, mas que carregam ecos do passado, trazendo de volta rostos, gestos e histórias que nos marcaram. Os olhos da professora do meu filho têm essa profundidade rara, essa intensidade que me faz lembrar os olhos da minha mãe. Há algo neles que me desarma, que me faz sentir como se já a conhecesse há muito tempo, como se, de alguma forma inexplicável, um pedaço do olhar da minha mãe vivesse ali. Talvez seja a mesma melancolia silenciosa, a mesma força disfarçada de teimosia, a mesma luta interior entre aquilo que se sente e aquilo que se mostra ao mundo. A minha mãe sempre pareceu tranquila, feliz, bem resolvida. Mas eu sabia que por trás desse semblante sereno, havia tempestades que ela enfrentava sozinha. Guardava as suas dores dentro de si, falando pouco, como se o que revelasse fosse apenas a ponta de um iceberg imenso e invis...